[En.t.re] no XXI ENANPUR: Ampliando diálogos sobre a perspectiva de gênero no planejamento urbano
- Phamela Alves
- há 3 dias
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Em maio tivemos a oportunidade de participar do XXI ENANPUR – Ideias, políticas e práticas em territorialidades do Sul Global. O evento aconteceu na cidade de Curitiba no campus politécnico da Universidade Federal do Paraná. Nessa edição o [En.t.re] esteve presente em cinco sessões.
Esse foi o segundo encontro em que o tema gênero apareceu como uma sessão temática. Ficamos muito felizes de ver que a sessão não só permaneceu como parte do programa, mas foi além, pois as discussões de gênero e suas interseccionalidades extrapolaram a sessão específicas e perpassaram por toda a conferência. Embora ainda tenhamos muito caminho a percorrer, é recompensador ver como a temática vem ganhando cada vez mais espaço e força dentro da academia e dos debates na área do planejamento urbano.
No segundo dia do evento apresentamos o artigo “Direito à cidade e as transformações do espaço: o caso do centro de Campo Grande/MS”, de autoria de Matheus Cabral, em parceria com o prof. Dr. Luiz Belmiro Teixeira (PPU/UFPR). O artigo, resultado da dissertação de mestrado do autor, teve como base metodológica a aplicação da tríade espacial de Henri Lefebvre como lente analítica e procurou observar como as transformações do espaço central da cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, garantiram ou não o direito à cidade para a população local.
No terceiro dia do evento apresentamos o artigo “Espaços de representação: categorização de estabelecimentos amigáveis à LGBTQIAPN+ em Curitiba, Paraná”, de autoria de Rafael Bosa, Phâmela Alves em parceria com Victor Augusto Bosquilia Abade e Luiza Alves de Oliveira (PPGTU-PUCPR). O objetivo foi debater as categorias dos estabelecimentos que são amigáveis à comunidade LGBTQIAPN+ na cidade de Curitiba, Paraná. Para tal, partimos de uma contextualização do movimento e sua relação com estabelecimentos representativos, utilizando uma abordagem classificatória, com análise dos locais por mapas temáticos e de calor. Os dados foram obtidos a partir do Tripadvisor e do Google Maps, permitindo explorar a distribuição espacial desses locais.
Ainda, no terceiro dia do evento, apresentamos o artigo “Análise dos padrões de segregação entre 2000 e 2010: o caso de Curitiba (PR)”, de autoria de Sofia Moresca de Lacerda, em parceria com a professora Dra. Agnes Silva de Araújo. O artigo teve como objetivo analisar a segregação residencial socioeconômica para o recorte e contexto de Curitiba, Paraná. Foram utilizados índices espaciais de segregação, como o Índice de Dissimilaridade Generalizada, os de Isolamento e Exposição globais e locais considerando as variáveis de renda, a partir de dados do Censo/IBGE. A análise comparativa revelou que, entre 2000 e 2010, houve aumento da segregação das classes A e E, resultado das mudanças nos padrões de isolamento e exposição entre essas classes e das transformações nos modos de habitar, influenciados por dinâmicas socioculturais globalizadas.
No mesmo dia, tivemos espaço em uma Sessão Livre, intitulada “Ideias, práticas e políticas em estudos urbanos de gênero: Por uma epistemologia de pesquisa feminista”, que contou com a participação da professora Dra. Geisa Tamara Bugs, e das pesquisadoras Ana Gabriela Godinho Lima (Universidade Presbiteriana Mackenzie), Clarice Misoczky de Oliveira (UFRGS), Maribel Aliaga Fuentes (UnB), e do pesquisador José Carlos Huapaya Espinoza (UFBA).
Já no quarto dia do evento, apresentamos o artigo “Planos de mobilidade urbana brasileiros sob a perspectiva de gênero”, de autoria de Eloisa Parteka, Fabio Duarte e profa. Dra. Geisa Tamara Bugs. O artigo teve como objetivo avaliar como as demandas e necessidades relacionadas aos padrões de mobilidade de mulheres foram incluídas nos planos de mobilidade urbana brasileiros. Foram analisados 203 planos, elaborados de 2006 até 2021. Além disso, os planejadores envolvidos nesses processos foram entrevistados com o intuito de compreender os fatores que levaram à inclusão da perspectiva de gênero nos planos. Este é o primeiro estudo no Brasil a analisar os planos de mobilidade urbana tendo o gênero como categoria analítica, e seus resultados mostram que, na grande maioria dos planos, as mulheres permanecem sendo esquecidas.
A participação no XXI ENANPUR foi uma experiência valiosa para o [En.t.re], tanto pela oportunidade de compartilhar nossas pesquisas quanto pelo diálogo estabelecido com diferentes grupos e perspectivas. Ver gênero, interseccionalidade e diversidade ocupando mais espaço nas discussões sobre planejamento urbano reforça a importância de seguirmos produzindo conhecimento crítico e comprometido com a transformação social.
Texto: Phamela Alves e Matheus Cabral
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