MAPEAMENTOS
Nossos estudos referentes aos deslocamentos femininos partiram do entendimento de que de que a cidade é um elemento dinâmico e que seu processo de produção se dá de diversas formas pelos distintos usuários. Homens e mulheres vivenciam o território de formas diferentes e temos por objetivo compreender formas de apropriação da cidade contemporânea pela mulher, a partir dos seus deslocamentos cotidianos. Investigamos o pertencimento da mulher na cidade, as relações entre esse pertencimento e seus deslocamentos diários, e refletimos sobre a mobilidade urbana e a escolha do automóvel.
Em 1918 realizamos um experimento piloto através do mapeamento dos deslocamentos praticados durante quatro dias por cinco mulheres. O recorte espacial de análise foi a cidade de Porto Alegre e sua Região Metropolitana. O estudo foi elaborado utilizando-se ferramenta de monitoramento por celular da qual coletamos os trânsitos realizados de carro e/ou a pé, para diferentes atividades comumente desempenhadas por mulheres: (1) Lazer, família e amigos; (2) atividades funcionais, domésticas e de serviços; (3) Profissionais e estudos. Os resultados, dentre outros, apontaram uma ampla extensão dos movimentos cotidianos das mulheres e certa concentração espacial dos deslocamentos individuais.
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Imagem: acervo WIX.
PERCEPÇÕES URBANAS
Fundamentais para a dinâmica da vida nas cidades, os espaços públicos são locais de encontros e é a qualidade dessas parcelas da cidade que irão determinar o uso que as pessoas farão deles. Aberto a todos e possibilitando interação entre desconhecidos, distingue-se dos privados, restritos aos contatos familiares e entre iguais, característica que muitas vezes converge para uma imprevisibilidade das interações e até para o conflito. Ainda que os espaços públicos sejam de livre acesso a todos, emergem, no processo de interação, restrições sociais e de gênero que fazem com que diferentes grupos se apropriem de distintas maneiras.
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Imagem: acervo WIX.
FEMINISMO, ARQUITETURA E URBANISMO
Homens e mulheres experienciam o território urbano de formas diferentes. Problemas envolvendo mobilidade, acessibilidade e segurança atingem as mulheres de modo mais intenso, fazendo com que muitas sintam medo de transitar em determinados lugares, influenciando o sentimento de pertencimento, ou não, na cidade. Discutir esse tema é trazer à tona a realidade vivida pelas mulheres no cotidiano das nossas cidades, pensadas por planejadores, sob a ótica masculina. Para melhor entender as dinâmicas e desafios vividos pelas mulheres estudamos diversas bibliografias feministas através de seminários de leitura, buscando subsídios para nossos estudos.
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Imagem: Carol Ito - disponível em: https://revistatrip.uol.com.br/tpm/arquitetura-e-planejamento-urbano-a-cidade-ideal-das-mulheres