AMEFRICANIDADE
-
Categoria epistemológica político-cultural criada por Lélia Gonzalez em 1988 a partir da abordagem interligada com “racismo, colonialismo, imperialismo e seus efeitos“. Lélia propoe o uso de amefricanos por todos os negros da América do Sul, Central, Insular e do Norte como meio para atingir uma consciência efetiva enquanto descendentes de africanos. Assumir a amefricanidade contribuiria para ultrapassar uma visão idealizada, imaginária e mitificada da África e ainda voltar o nosso olhar para a realidade em que vivem todos os amefricanos do continente;
Fonte: GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. Rio de Janeiro: Zahar, 2020. (organizado por Flávia Rios e Márcia Lima)
BRANQUITUDE
-
A branquitude é uma racialidade construída sócio-historicamente como uma ficção de superioridade, que produz e legitima a violência racial contra grupos sociais não-brancos e beneficia os brancos dando a eles privilégios materiais e simbólicos, gerados inicialmente pelo colonialismo e pelo imperialismo, e que se mantém e são preservados na contemporaneidade.;
-
A branquitude se revela como um sistema político do pensamento social, um fenômeno ideológico pautado na colonização, racialização do outro e negação do racismo. Ela se fundamenta na compreensão do branco enquanto sujeito racializável, alvo de análise e pesquisa;
-
Um campo de estudos críticos referentes ao privilégio das pessoas brancas em sociedades estruturadas pelo racismo.
Fonte: SCHUCMAN, L. V. Sim, nós somos racistas: estudo psicossocial da branquitude paulistana. Psicologia & Sociedade, 26(1), 2014.
FARIAS, Erika. Branquitude. Dicionário Jornalístico. EPSJV/Fiocruz, 2022. Disponível em: https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/dicionario-jornalistico/branquitude#:~:text=%E2%80%9CA%20branquitude%20%C3%A9%20uma%20racialidade,departamento%20de%20Psicologia%20da%20Universidade
CIDADE CUIDADORA
-
Uma cidade para ser cuidadora deve estabelecer políticas que se contraponham à exploração e consumo crescentes e deve construir uma lógica de planejamento que não se oriente pela utilização de recursos energéticos e ambientais sem limites. Que busque minimizar os resíduos que produz, promova ações para descontaminação do solo, do ar e da água, impulsione estratégias para aproveitamento de equipamentos e espaços subutilizados ou não utilizados, priorize a reabilitação de edifícios e espaços em contraponto à prática das demolições e que não expulse as pessoas de seus bairros por aluguéis altos, especulação e regulação do uso do solo. A cidade cuidadora também trata as políticas habitacionais como prioridade e produz programas habitacionais e projetos adequados à diversidade de grupos familiares. Na escala da cidade e do bairro, as leis, planos e projetos urbanos devem fomentar a distribuição equitativa de serviços, equipamentos e comércio de proximidade em diferentes regiões, dar lugar a percursos funcionais e minimizar o uso do veículo privado, construindo ciclovias e corredores verdes.
-
Uma cidade que proporciona que as pessoas se cuidem conta com espaços públicos equipados para o lazer e a diversidade de práticas esportivas, favorecendo a melhora da saúde física e as relações interpessoais. É importante construir espaços públicos abertos onde seja possível estar a salvo das intempéries, com lugares para sentar, descansar, conversar e estabelecer relações sem a necessidade de alguma atividade comercial.
-
A cidade que cuida oferece autonomia às pessoas dependentes como crianças, idosos e deficientes e permite que conciliem as diferentes esferas de sua vida cotidiana. Criar leis, espaços de combate à violência de gênero e atendimento às mulheres vítimas de violência é, da mesma forma, estrutural para uma cidade cuidadora. Também é essencial a participação política e cidadã das mulheres de forma igualitária.
Fontes: OLIVEIRA, Kátia de. Cidade Cuidadora: A participação das mulheres na construção de um urbanismo contra hegemônico. Vivienda y Ciudad, [S. l.], n. 8, 2021, p. 4–19. VALDÍVIA, Blanca. Del urbanismo androcéntrico a la ciudad cuidadora. Hábitat y Sociedad, n.º 11. Universidad de Sevilla, 2018.
CISGENERIDADE
-
Pessoa que foi designada ‘homem’ ou ‘mulher’ ao nascer e sente-se bem com isso, sendo percebida e tratada socialmente, medicamente, juridicamente e politicamente como tal.
-
A cisgeneridade é um conceito central dentro do transfeminismo. O pensamento cisgênero envolve um sentimento interno de congruência entre seu corpo (morfologia) e seu gênero, dentro de uma lógica onde o conjunto de performances (de gênero) é percebido como coerente pela sociedade.
Fontes: NASCIMENTO, Letícia Carolina Pereira do. Transfeminismo São Paulo: Jandaíra, 2021;
BOSA, Rafael. Transfeminismo: deslocamentos, atravessamentos e interseccionalidades como forma de discurso. Disponível em: https://entregrupopesquisa.wixsite.com/website/post/transfeminismo-deslocamentos-atravessamentos-e-interseccionalidades-como-forma-de-discurso.
COLONIALIDADE
-
Não se refere apenas à classificação racial, mas a um dos eixos do sistema de poder que atravessa o controle de acesso ao sexo, à autoridade coletiva, ao trabalho, à subjetividade/intersubjetividade e também à produção do conhecimento.
Fonte: OLIVEIRA, Kátia de. Resenha do artigo “Colonialidade e gênero” de Maria Lugones. Disponível em: https://entregrupopesquisa.wixsite.com/website/post/resenha-do-artigo-colonialidade-e-g%C3%AAnero-de-maria-lugones
COLONIALIDADE
DE PODER
-
Refere-se à classificação universal e básica da população de todo o mundo a partir da ideia de ‘raça’.
Fonte: OLIVEIRA, Kátia de. Resenha do artigo “Colonialidade e gênero” de Maria Lugones. Disponível em: https://entregrupopesquisa.wixsite.com/website/post/resenha-do-artigo-colonialidade-e-g%C3%AAnero-de-maria-lugones
COMUM URBANO
-
O comum é um discurso político que visa mobilizar diferentes movimentos sociais contra as formas de propriedade e lutar em oposição ao neoliberalismo; alternativa sistêmica; produção coletiva e autogestão de bens através do fazer-comum. O comum urbano entra como um conceito que fala sobre o compartilhamento dos recursos urbanos entre os cidadãos, contra a privatização, abarcando a importância da participação dos sujeitos em direção a autogestão do espaço urbano.
Fonte: TONUCCI FILHO, João Bosco Moura. O direito à cidade na urbanização planetária, ou: Henri Lefebvre por uma nova cidadania urbana. Teorias e práticas urbanas: condições para a sociedade urbana. Belo Horizonte: C/Arte, p. 215-230, 2015
CRIME DE ÓDIO
-
É qualquer crime cometido contra uma pessoa ou contra propriedade motivado por hostilidade ou preconceito com base em deficiência, raça, religião, identidade de gênero ou orientação sexual.
Fonte: Manual de advocacy, litigância estratégica, controle social e accountability LGBTI+ [livro eletrônico] / organização Toni Reis, Simón Cazal. Curitiba, PR Disponivel em: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2022/01/manual-de-advocacy-gaylatino-def-17-12-2021-bx-res.pdf
DIREITO À CIDADE
-
O direito à cidade como um direito coletivo em construção, que contempla desfrutar de uma vida urbana renovada - um lugar para o gozo pleno e efetivo dos direitos humanos e da vida com condições de dignidade, qualidade e bem-estar. Em sua teoria e prática se relaciona aos seguintes aspectos:
-
Físicos - direito ao lugar, ao permanecer, à mobilidade, à centralidade acessível, ao entorno belo; ao espaço público; à segurança; à convivência pacífica.
-
Individuais - direito a definir seu projeto de vida livremente; de não viver ausente, em espaços invisíveis e sem qualidade.
-
Coletivos – direito à participação nos âmbitos reais de decisão e gestão.
Fonte: MONTOYA, A. M. (2012), “Mujeres, derechos y ciudad: apuntes para la construcción de un estado del arte desde el pensamiento y la teoría feminista”, en Territorios 27, pp.105-143.
DECOLONIALIDADE
-
Oposto de colonialidade
-
Conceito tratado pela pesquisadora Catherine Walsh, (...) a partir da noção de que não é possível desfazer a estrutura colonial, o objetivo é encontrar métodos para desafiá-la continuamente e romper com ela .
Fonte: AZEVEDO, Rosana (2022). Decolonial e descolonial: qual a diferença entre os termos? Disponível em: https://www.hypeness.com.br/2022/02/decolonial-e-descolonial-qual-a-diferenca-entre-os-termos/
ECOFEMINISMO
-
Um pensamento e um movimento diferente das formas conhecidas de feminismo” (PULEO, 2019, p.146) que surge do encontro entre feminismo e ecologia.
Fonte: SIMON, Isadora. Ecofeminismo e agricultura urbana: aproximação da Natureza e a prática da ética do cuidado. Disponível em: https://entregrupopesquisa.wixsite.com/website/post/ecofeminismo-e-agricultura-urbana-aproxima%C3%A7%C3%A3o-da-natureza-e-a-pr%C3%A1tica-da-%C3%A9tica-do-cuidado
EXPRESSÃO DE GÊNERO
-
Forma como a pessoa manifesta publicamente a sua identidade de gênero, por meio do nome, vestimenta, corte de cabelo, comportamentos, voz e/ou características corporais e forma como interage com as demais pessoas. Nem sempre corresponde ao seu sexo biológico.
Fonte: Manual de advocacy, litigância estratégica, controle social e accountability LGBTI+ [livro eletrônico] / organização Toni Reis, Simón Cazal. Curitiba, PR Disponivel em: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2022/01/manual-de-advocacy-gaylatino-def-17-12-2021-bx-res.pdf
ESTADO LAICO
-
Estado laico não tem uma religião oficial, mas adota os princípios da liberdade religiosa dos cidadãos e da autonomia das organizações religiosas.
-
A palavra laico significa uma atitude crítica e separadora da interferência da religião organizada na vida pública.
-
A laicidade do Estado fundamenta-se na distinção entre os planos secular e religioso. No Brasil, o Decreto 119-A, de 17 de janeiro de 1890, instaurou a separação entre a Igreja e o Estado.
Fonte: Associação Brasileira De Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Guia de Advocacy no Legislativo para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT): Teoria e Ações Práticas nos Níveis Municipal, Estadual e Federal. Curitiba, ABGLT, 2007. Disponivel em: http://www.cepac.org.br/agentesdacidadania/wp-content/uploads/2014/04/guia-advocacy-legislativo.pdf
FAMÍLIA
HOMOTRANSPARENTAL
-
É aquela família em cuja composição existe ao menos uma pessoa que vivencie a orientação homossexual e/ou identidade de gênero trans;
-
Ela pode ser composta por somente uma pessoa ou por um casal, cisgênero ou transgênero, com ou sem filhos (biológicos ou adotados);
-
Casal gay sem filhos; a mulher lésbica com filho ou filha heterossexual, os pais heterossexuais com ao menos um filho ou filha gay, lésbica ou trans, todos são exemplos de família homotransparental.
Fonte: Associação Brasileira De Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Guia de Advocacy no Legislativo para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT): Teoria e Ações Práticas nos Níveis Municipal, Estadual e Federal. Curitiba, ABGLT, 2007. Disponivel em: http://www.cepac.org.br/agentesdacidadania/wp-content/uploads/2014/04/guia-advocacy-legislativo.pdf
FARMACO-
PORNOGRÁFICO
-
Termo criado pelo filósofo e escritor feminista transgênero Paul Beatriz Preciado, se refere a um regime advindo da aliança entre as possibilidades de transformação corporal abertas pela administração de hormônios surgidas no século XX, e a flexibilização das identidades por conta da invenção sociológica da categoria de gênero.
-
Preciado apresenta uma história deste regime, que teria sua origem no início da década de 1940, com a obtenção das primeiras moléculas de progesterona e estrogênio e a posterior comercialização de hormônios sintéticos.
-
Um regime pós-industrial, global e midiático onde a libido, a consciência e a sexualidade são transformadas pelo processo biomolecular (fármaco) e semiótico-técnico (pornô), gerido pelas multinacionais farmacêuticas e pelo complexo material-virtual que produz estados mentais e psicossomáticos de excitação. Dos quais a pílula anticoncepcional e a Playboy são dois resultados paradigmáticos.
Fontes: PERELSON, Simone. Do “limbo feliz” de Herculine ao “tecnogênero” de Preciado: um novo cenário para a abordagem psicanalítica da sexuação. Disponível em: Do “limbo feliz” de Herculine ao “tecnogênero” de Preciado: um novo cenário para a abordagem psicanalítica da sexuação. BOSA, Rafael. De onde seu corpo fala? Relatos da obra de Paul Beatriz Preciado. Disponível em: https://entregrupopesquisa.wixsite.com/website/post/de-onde-seu-corpo-fala-relatos-da-obra-de-paul-beatriz-preciado.
FEMINISMO
-
O feminismo é um movimento que luta pela igualdade social e de direitos para as mulheres e busca combater o modelo social baseado no patriarcado e os abusos e a violência contra as mulheres (Julia Botelho, 2022);
-
O feminismo aparece como um movimento libertário, que não quer só espaço para a mulher - no trabalho, na vida pública, na educação -, mas que luta, sim, por uma nova forma de relacionamento entre homens e mulheres, em que esta última tenha liberdade e autonomia para decidir sobre sua vida e seu corpo (Céli Regina Jardim Pinto, 2010, p. 16);
-
Segundo Fraisse (1993), a palavra "feminismo" foi usada primeiramente para qualificar um rapaz com tuberculose que apresentava signos de feminilidade; posteriormente, foi usada para designar mulheres emancipadas que tinham características viris (ZANELLO, 2018, P. 43);
-
Mas "feminismo" também designava, no vocabulário médico, os homens cuja virilidade havia se desenvolvido "mal" ou pouco. (...) o termo foi definido pela francesa Hubertine Auclert com um sentido positivo: ele designaria a luta para melhorar a condição feminina (BARCELLA, 2018).
Fontes: Julia Botelho. Vertentes do feminismo: conheça as principais ondas e correntes! 2022 Disponível em: https://www.politize.com.br/feminismo/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20o%20Feminismo%3F,a%20viol%C3%AAncia%20contra%20as%20mulheres
Céli Regina Jardim Pinto. FEMINISMO, HISTÓRIA E PODER. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-44782010000200003
ZANELLO, Valeska. SAÚDE MENTAL, GÊNERO E DISPOSITIVOS: Cultura e processos de subjetificação. 1 ed. Curitiba, 2018. BARCELLA, Laura. Lute como uma garota: 60 feministas que mudaram o mundo. São Paulo, 2018.
FEMINISMO
DECOLONIAL
-
Abordagem voltada para a crítica da situação americana, colonizada por diversos países europeus, com forte peso do colonialismo hispânico e português, que denuncia o modo particular em que o ocidentalismo e o colonialismo se impuseram na América do Sul e do Norte (As Pensadoras, 2023).
-
O gênero como parte que estrutura a colonialidade, como categoria que surge no vocabulário colonial e que, até então, não fazia propriamente parte das dinâmicas das sociedades pré-coloniais (LUGONES, [2008] 2020).
Fontes: OLIVEIRA, Kátia de. Resenha do artigo “Colonialidade e gênero” de Maria Lugones. Disponível em: https://entregrupopesquisa.wixsite.com/website/post/resenha-do-artigo-colonialidade-e-g%C3%AAnero-de-maria-lugones e Curso Feminismo Decolonial com Susana de Castro, disponível em: https://aspensadoras.com.br
GAY
-
Pessoa do gênero masculino (cis ou trans) que tem desejos, práticas sexuais e/ou relacionamento afetivo-sexual com outras pessoas do gênero masculino. Não precisam ter tido, necessariamente, experiências sexuais com outras pessoas do gênero masculino para se identificarem como gays;
-
A palavra “gay” vem do inglês e naquele idioma antigamente significava “alegre”. A mudança do significado para homossexual “remonta aos anos 1930 (…) e se estabeleceu nos anos 1960 como o termo preferido por homossexuais para se autodescreverem. [A palavra] Gay no sentido moderno se refere tipicamente a homens (enquanto que lésbica é termo padrão para mulheres homossexuais)”.
Fonte: Manual de advocacy, litigância estratégica, controle social e accountability LGBTI+ [livro eletrônico] / organização Toni Reis, Simón Cazal. Curitiba, PR Disponivel em: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2022/01/manual-de-advocacy-gaylatino-def-17-12-2021-bx-res.pdf
GÊNERO
-
Gayle Rubin utlizou pela primeira vez o termo gênero, no artigo “Pensando sexo: Notas para uma teoria radical da política da sexualidade” de 1984. Nele, afirma a existência de um sistema sexo-gênero, associado à própria passagem da natureza para a cultura, onde o indivíduo tem sua sexualidade, sua libido e sua identidade de gênero domesticadas de acordo com as regras criadas por este sistema.
-
“qualquer agrupamento de indivíduos, objetos, ideias, que tenham caracteres comuns” (Dicionário Aurélio, 1986).
-
algo fluido, socialmente construído, performado e sistêmico, sendo a identidade de gênero escolhida, formada, e não imposta (Butler, 1990).
-
“uma categoria social imposta sobre um corpo sexuado” (Gates, apud Scott, 1995).
-
“um elemento constitutivo das relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos… é uma forma primária de dar significado às relações de poder” (Scott, 1995).
-
“uma forma de entender, visualizar e referir-se à organização social da relação entre os sexos” (Guedes, 1995).
-
Não são os sexos (nem orientação sexual), sendo vinculado a construções sociais e não a características naturais. Tradicionalmente é identificado como um fator binário, quando, na realidade, há um espectro de identidades e expressões que o definem. Se refere aos papéis socialmente construídos, comportamentos e identidades e, assim, influencia a forma como as pessoas se percebem e percebem as outras, como se comportam e interagem e a distribuição de poder e recursos na sociedade (Heidari et al, 2016).
-
As tecnologias de gênero se materializam por ação de um conjunto de instituições domésticas, médicas e linguísticas que não são neutras e que produzem constantemente diferenças entre corpos-homem e corpos-mulher, a fim de estabelecer argumentos que comuniquem e autorizem a sujeição dos corpos-mulher ao trabalho sexual para transformá-los em meio de reprodução. Além de performativo é, antes de tudo, prostético, ou seja, se dá na materialidade dos corpos, que se tornam espécies de arquivos da história da produção-reprodução sexual da humanidade, onde alguns códigos são naturalizados, enquanto outros devem ser sistematicamente eliminados ou riscados (Preciado, 2017).
-
Compreende as estatísticas sobre a forma como a sociedade cria os diferentes papéis sociais e comportamentos relacionados aos homens e às mulheres, criando padrões do que é próprio para o feminino e para o masculino e a partir destas compreensões estabelecem relações diversas e/ ou desiguais nas várias dimensões da vida social (IBGE, 2023).
Fonte: Definições, considerações e reflexões atuais acerca do conceito de gênero. DIsponível em:
HOMEM TRANS
-
Homem trans é a pessoa do gênero masculino embora tenha sido biologicamente designado como pertencente ao sexo feminino ao nascer.
Fontes: Manual de advocacy, litigância estratégica, controle social e accountability LGBTI+ [livro eletrônico] / organização Toni Reis, Simón Cazal. Curitiba, PR Disponivel em: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2022/01/manual-de-advocacy-gaylatino-def-17-12-2021-bx-res.pdf
IDENTIDADE DE GÊNERO
-
Forma como cada pessoa sente que ela é em relação ao gênero masculino e feminino, relembrando que nem todas as pessoas se enquadram, e nem desejam se enquadrar, na noção binária de homem/mulher, como no caso de pessoas agênero e queer, por exemplo.
Fontes: Manual de advocacy, litigância estratégica, controle social e accountability LGBTI+ [livro eletrônico] / organização Toni Reis, Simón Cazal. Curitiba, PR Disponivel em: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2022/01/manual-de-advocacy-gaylatino-def-17-12-2021-bx-res.pdf
LGBTI+FOBIA
-
A LGBTI+fobia pode ser definida como o medo, a aversão, ou o ódio irracional a todas as pessoas que manifestem orientação sexual ou identidade/expressão de gênero diferente dos padrões heteronormativos, mesmo pessoas que não são LGBTI+, mas são percebidas como tais;
-
A LGBTI+fobia, portanto, transcende a hostilidade e a violência contra LGBTI+ e associa-se a pensamentos e estruturas hierarquizantes relativas a padrões relacionais e identitários de gênero, a um só tempo sexistas e heteronormativos;
-
Consiste em um problema social e político dos mais graves, mas que varia de intensidade e frequência, de sociedade para sociedade;
-
Tem sido um conceito guarda-chuva, utilizado para descrever um variado leque de fenômenos sociais relacionados ao preconceito, à discriminação e à violência contra pessoas LGBTI+.
Fontes: Manual de advocacy, litigância estratégica, controle social e accountability LGBTI+ [livro eletrônico] / organização Toni Reis, Simón Cazal. Curitiba, PR Disponivel em: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2022/01/manual-de-advocacy-gaylatino-def-17-12-2021-bx-res.pdf
MULHER TRANS
-
Mulher trans é a pessoa do gênero feminino embora tenha sido biologicamente designada como pertencente ao sexo masculino ao nascer.
Fontes: Manual de advocacy, litigância estratégica, controle social e accountability LGBTI+ [livro eletrônico] / organização Toni Reis, Simón Cazal. Curitiba, PR Disponivel em: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2022/01/manual-de-advocacy-gaylatino-def-17-12-2021-bx-res.pdf
ORIENTAÇÃO SEXUAL
-
Inclinação involuntária de cada pessoa em sentir atração sexual, afetiva e emocional por indivíduos de gênero diferente, de mais de um gênero, do mesmo gênero ou não sentir atração sexual. Existe uma gama de possibilidades de orientações sexuais.
Fontes: Manual de advocacy, litigância estratégica, controle social e accountability LGBTI+ [livro eletrônico] / organização Toni Reis, Simón Cazal. Curitiba, PR Disponivel em: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2022/01/manual-de-advocacy-gaylatino-def-17-12-2021-bx-res.pdf
SEXO BIOLÓGICO
-
É o que existe objetivamente: órgãos genitais, gônadas, hormônios e cromossomos. Feminino = vagina, ovários, cromossomos XX; Masculino = pênis, testículos, cromossomos XY; Intersexo = qualquer variação biológica que não se adeque no conceito binário de corpo feminino ou masculino;
-
O que produz o sexo é o gênero ou, dito de outro modo, apesar de sempre se demarcar primeiro a colocação do sexo em discurso, o sexo não é anterior a qualquer prática discursiva e, desta maneira, o sexo também é uma forma de demarcação discursiva cultural, social e colonial (NASCIMENTO, 2021).
Fontes: Manual de advocacy, litigância estratégica, controle social e accountability LGBTI+ [livro eletrônico] / organização Toni Reis, Simón Cazal. Curitiba, PR Disponivel em: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2022/01/manual-de-advocacy-gaylatino-def-17-12-2021-bx-res.pdf;
NASCIMENTO, Letícia Carolina Pereira do. Transfeminismo São Paulo: Jandaíra, 2021;
BOSA, Rafael. Transfeminismo: deslocamentos, atravessamentos e interseccionalidades como forma de discurso. Disponível em: https://entregrupopesquisa.wixsite.com/website/post/transfeminismo-deslocamentos-atravessamentos-e-interseccionalidades-como-forma-de-discurso.
TRANSGÊNERO
-
Terminologia utilizada para descrever pessoas que transitam entre os gêneros. São pessoas cuja identidade de gênero transcende as definições convencionais de sexualidade;
-
Travestis e transexuais são transgênero por definição. Escreva-se travestis e transexuais, ou transgêneros, ou, de preferência, pessoas trans.
Fontes: Manual de advocacy, litigância estratégica, controle social e accountability LGBTI+ [livro eletrônico] / organização Toni Reis, Simón Cazal. Curitiba, PR Disponivel em: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2022/01/manual-de-advocacy-gaylatino-def-17-12-2021-bx-res.pdf
TRANSEXUAL
-
Pessoa que possui uma identidade de gênero diferente do sexo designado no nascimento. Pessoas transexuais podem ou não desejar terapias hormonais ou cirurgias de afirmação de gênero.
Fontes: Manual de advocacy, litigância estratégica, controle social e accountability LGBTI+ [livro eletrônico] / organização Toni Reis, Simón Cazal. Curitiba, PR Disponivel em: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2022/01/manual-de-advocacy-gaylatino-def-17-12-2021-bx-res.pdf
TRANSGÊNERO
-
Uma construção de gênero feminino, oposta ao sexo biológico, seguido de uma construção física de caráter permanente, que se identifica na vida social, familiar, cultural e interpessoal, através dessa identidade;
-
Muitas modificam seus corpos por meio de hormônioterapias, aplicações de silicone e/ ou cirurgias plásticas, porém, vale ressaltar que isso não é regra para todas;
-
Existe o grupo dentro deste segmento que se autoafirma ‘mulheres travestis’;
-
Atualmente, o termo travesti adquiriu um teor político de ressignificação de termo historicamente tido como pejorativo.
Fontes: Manual de advocacy, litigância estratégica, controle social e accountability LGBTI+ [livro eletrônico] / organização Toni Reis, Simón Cazal. Curitiba, PR Disponivel em: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2022/01/manual-de-advocacy-gaylatino-def-17-12-2021-bx-res.pdf